Estádio Heriberto Hulse protagoniza coleta de lixo em dias de jogos do Criciuma
Devido às condições climáticas nas quais o mundo se encontra atualmente, os padrões industriais de produção, aos poucos, iniciam uma transição que marca a busca pela sustentabilidade dos tempos modernos. O consumo está levando o planeta a repensar a maneira pela qual descartamos resíduos sólidos. Geram-se, por ano, por famílias, pequenas empresas e fornecedores de serviços públicos, cerca de 20,1 e 20,3 bilhões de toneladas de itens urbanos.
Embalagens e equipamentos eletrônicos, enfim, insumos que contêm plástico e alimentos são alguns dos produtos que têm passado por essa transformação. Um dado preocupante: 2,7 bilhões de pessoas não têm acesso à coleta de lixo. E cerca de 61% e 62% dos descartes são gerenciados em instalações controladas. Aos poucos, o mundo tem se preparado para lidar com essa situação por meio do ciclo de reciclagem, que começa com o apoio dos cidadãos; depois, pela separação por catadores e cooperativas. E por fim, volta para uma cadeia que ressignifica o lixo, transformando-o em novos produtos.
Coloca-se em prática a circularidade. E o Dia Internacional do Lixo Zero, que acontece em 30 de março, reforça a urgência de ações concretas no setor de reciclagem, essenciais para a redução de desperdícios e o avanço de soluções sustentáveis para a sociedade. Augusto Freitas, Presidente Executivo da Cristalcopo e fundador do Recicla Junto, destaca que como consumidores, temos o poder de transformar a realidade ao adotar práticas que priorizam a reciclagem como caminho para diminuir os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto dos resíduos.
"Devemos nos preocupar em criar um circuito de economia circular para os resíduos plásticos que vá além da simples separação de materiais. É necessário que haja uma mudança de mentalidade em toda a sociedade, fazendo com que ações sejam mais conscientes, reduzindo o impacto ambiental, fortalecendo a economia e criando um ecossistema sustentável para todos", afirma Augusto.
Os consumidores também são protagonistas dessa transformação. Ao adotarem a reciclagem como hábito diário, colaboram diretamente para que os resíduos ganhem uma nova vida e retornem ao ciclo produtivo, contribuindo com um futuro mais equilibrado e responsável. Em 2024, o país reciclou 410 mil toneladas de embalagens PET, um aumento de 14% em relação à 2022, quando foi reciclado cerca de 359 toneladas, segundo 13ª edição do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet).
Projetos como o Recicla Junto, da Cristalcopo, são exemplos de como a economia circular pode transformar lixo em resíduos. Desde 2019, o projeto já engajou milhares de pessoas em eventos esportivos, culturais e corporativos, contribuindo para a reciclagem de 440 toneladas de resíduos. Para se ter uma ideia do impacto positivo desse número, se esse valor (440 toneladas recicladas) fosse de plástico, isso evitaria a emissão de 629,2 toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂e).
Um case de sucesso da iniciativa acontece no estádio Heriberto Hülse, casa do Criciúma. Todo lixo gerado durante os jogos do clube é encaminhado ao processo adequado de reciclagem. Somente no Campeonato Brasileiro da Série A do ano passado, o projeto retirou mais de 15 mil toneladas de plástico, papel e vidro.
“O esporte é uma ferramenta de transformação social e de impacto positivo na sustentabilidade. Podemos chegar em muitas pessoas de forma educativa, unindo uma paixão nacional com a responsabilidade ambiental. Isso tem uma força enorme na sociedade e um grande potencial de impacto”, revela o especialista.
Tal redução reflete o papel essencial da reciclagem na mitigação das emissões de gases de efeito estufa e na preservação ambiental. O impacto equivale ao consumo de eletricidade de 1.463 residências durante um ano. Esses números demonstram que a economia circular vai além do reaproveitamento de materiais. Tem-se o potencial de transformar hábitos, reduzir impactos ambientais e fortalecer um modelo de desenvolvimento mais sustentável.
"O Recicla Junto busca transformar a realidade por meio do exemplo. Cremos que é possível, sim, reduzir os impactos ambientais por meio da economia circular. Queremos promover uma educação socioambiental, e o Dia Internacional do Lixo Zero nos convida a refletir sobre esta transformação", destaca Augusto Freitas.